Relação comercial entre Brasil e Brics é maior que com EUA e EU
Publicado em 30/10/2024 | 77 Impressões | Escrito por Renato Abreu
O Brasil já exporta mais para o Brics do que para Estados Unidos e União Europeia juntos, conforme dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Os dados da pasta mostram que a balança comercial é favorável ao Brasil com os parceiros emergentes, enquanto para EUA e EU, o resultado é negativo.
Fundado há 15 anos, o Brics é um grupo originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, mas teve a adesão de Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã.
Grande fatia das exportações para os países do bloco vão para a China. Em 2023, o volume de compras dos chineses de produtos brasileiros representava 84,5% do Brics.
Especialistas projetam que o comércio entre o Brasil e o bloco tende a crescer, pois aumentaram os acordos comerciais e diplomáticos assinados entre os membros do grupo.
Além da cúpula entre os chefes de Estado, realizada na semana passada em Kazan, na Rússia, o Brics compartilha uma série de fóruns comerciais e diplomáticos que buscam aproximar diferentes setores. Tem ainda um banco próprio, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), sob gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
As exportações do Brasil cresceram de forma generalizada nos últimos anos para o Brics, em detrimento das vendas a norte-americanos e europeus.
Em 2009, por exemplo, EUA e EU somados haviam importado cerca de US$ 45 bilhões do país, enquanto Rússia, Índia e China — a África do Sul se juntou ao grupo em 2011 — haviam comprado US$ 27,3 bilhões.
A partir de 2018 e em 2023, no entanto, as exportações para norte-americanos e europeus somaram US$ 83,2 bilhões, enquanto as vendas aos parceiros emergentes do bloco totalizaram US$ 123 bilhões.
Essa tendência vem se mantendo este ano. Até setembro, as exportações para os Brics cresceram 6,5%, enquanto EUA e EU somam 5,8%, com comparação ao mesmo período de 2023.
Segundo especialistas, as relações comerciais entre Brasil, EUA e EU foram prejudicadas pelos conflitos geopolíticos e barreiras impostas pelos países, como as fitossanitárias, que prejudicam os exportadores brasileiros.
Dentro e fora do Brics, China é o maior parceiro comercial do Brasil
A partir de 2009, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos. De lá para cá, as exportações aos chineses cresceram 396%, somando US$ 104 bilhões ao fim de 2023.
“Esse aumento na relevância dos mercados emergentes, especialmente da China, destaca-se em relação ao Ocidente pelo fato das exportações brasileiras, em função do seu perfil, terem ampla demanda em mercados de alto crescimento”, disse à CNN Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC.
Destacam-se entre os produtos exportados as commodities, como a soja e minério de ferro. Os alimentos brasileiros vêm suprindo a necessidade de regiões com baixa produção, como as mais desérticas, e as com grande população, como a China.
“Desde a crise financeira global, o crescimento das exportações brasileiras vem sendo impulsionado por produtos agropecuários e pela indústria extrativa, setores que encontraram alta demanda na China e em outros mercados emergentes”, explicou Tatiana.
“A crescente demanda chinesa por commodities, como soja, milho, e minério de ferro, impulsionou esse crescimento, posicionando o Brasil como um dos principais fornecedores de insumos agrícolas e minerais para a China e demais economias dos Brics”, completou.
Visita de Xi Jinping
Neste mês, uma missão do governo brasileiro liderada por Rui Costa (Casa Civil) esteve na China. Do grupo também faziam parte o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, e o diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Na ocasião, Galípolo disse que foram fechadas parcerias em “vários temas”. O anúncio dos acordos será feito durante visita do líder chinês, Xi Jinping, a Brasília em novembro.
Os acordos abrangem as áreas de infraestrutura, tecnologia e a área financeira.
Fonte: ICL Economia