Nordeste tenta fortalecer produção de cana e biocombustíveis
Publicado em 04/09/2024 | 46 Impressões | Escrito por Renato Abreu
As usinas de cana-de-açúcar do Nordeste estão intensificando o uso de máquinas e investindo no reaproveitamento de resíduos, como a vinhaça, para fomentar a produção de etanol e outros biocombustíveis. Entretanto, desafios como o relevo acidentado da região limitam a mecanização plena da colheita, especialmente em áreas como a Zona da Mata pernambucana, onde a colheita manual ainda predomina.
Durante o 10º Fórum Nordeste, realizado em Recife, representantes da indústria e especialistas discutiram esses desafios e oportunidades, destacando a reforma tributária como uma possível via para aumentar a arrecadação e, consequentemente, os recursos para a industrialização no Nordeste.
Eduardo Queiroz Monteiro, presidente do grupo EQM, destacou que o número de usinas em Pernambuco caiu de 38 para 13 nos últimos anos, enquanto a produção diminuiu de 20 milhões para 14 milhões de toneladas na safra 2023/24. As usinas que resistiram se consolidaram e agora estão focadas em biocombustíveis, como biogás e biometano, utilizando resíduos da produção de cana. Apenas 40% dos canaviais estão em terrenos planos, o que complica a mecanização.
O grupo EQM, com usinas em Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, investe na produção de biocombustíveis, com destaque para a usina Estivas, que será a primeira do Nordeste a fabricar biometano de alta pureza em parceria com a ZEG Biogás, da Vibra Energia.
Gilberto Tavares, presidente do grupo Ouro D’água, apontou que o relevo e as condições climáticas instáveis são desafios constantes para a mecanização da produção, que está próxima do limite de sua capacidade. Tavares destacou que, embora os investimentos em biometano estejam sendo analisados, os custos elevados requerem estudos aprofundados.
Durante o encontro, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enfatizou que o avanço na produção de biocombustíveis depende de uma produção sustentável, beneficiada pela reforma tributária que pode aumentar a arrecadação e agregar valor à indústria nordestina.
Atualmente, Alagoas, Pernambuco e Paraíba são os principais produtores de cana-de-açúcar do Nordeste, com um setor que busca expandir sua capacidade de produção e sustentabilidade.
Fonte: Globo Rural