Oito pessoas são presas por morte de líder indígena no sul da Bahia


Publicado em 21/08/2024 | 90 Impressões | Escrito por Renato Abreu


Oito pessoas são presas por morte de líder indígena no sul da Bahia

Oito pessoas investigadas pela morte do cacique Lucas Santos de Oliveira, ocorrida em dezembro de 2023, foram presas na segunda-feira (19). Ao todo, foram cumpridos 27 mandados de prisão, busca e apreensão, no âmbito da “Operação Para Raios”, no município de Pau Brasil, no sul da Bahia.

A investigação aponta que Lucas Kariri-Sapuyá, como o indígena de 31 anos era mais conhecido, foi vítima de uma emboscada. Ele foi assassinado por dois homens armados, quando passava pela estrada que dá acesso à comunidade onde vivia.

Segundo a Polícia Civil, os alvos foram localizados após um trabalho tático e de inteligência. Eles não tiveram nomes divulgados e também não foi detalhado se os dois atiradores estão entre os detidos.

Cerca de 200 agentes participaram da operação e apreenderam duas armas de fogo, 11 celulares, porções de entorpecentes, balanças de precisão e munições. Todo o material será encaminhado para perícia.

A ação foi liderada pela Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF/Gemacau), que contou com equipes dos departamentos de Polícia do Interior (Depin), de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Inteligência Policial (DIP), além da Corregedoria da Polícia Civil (Correpol) e da Coordenação de Polícia Interestadual (Polinter).

Relembre o caso

Lucas Santos de Oliveira foi assassinado a tiros na tarde de 21 de dezembro do ano passado, na estrada que dá acesso à terra indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, onde morava. Na ocasião, ele voltava para casa com uma criança na garupa de uma motocicleta, quando foi surpreendido por dois homens que estavam em outra moto. Após efetuar os disparos, a dupla fugiu. A criança não foi atingida.

Em nota publicada nas redes sociais na época do ocorrido, representantes da comunidade disseram que Lucas foi alvo de uma emboscada e acusaram “pistoleiros” de terem ordenado o atentado.

Lucas Kariri-Sapuyá foi um dos 18 indígenas assassinados na Bahia em 2023, de acordo com o levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O relatório divulgado pelo Cimi, em julho, mostra que todos as mortes registradas no estado foram em cidades do sul e extremo sul baiano, com a mesma motivação: disputa de terras.

Quem era Lucas

O cacique liderava uma comunidade que abriga indígenas de diferentes etnias. Ele era Kariri-Sapuyá, mas tinha atuação com o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe. Lucas também atuava como conselheiro dos Povos Indígenas da Bahia e da Saúde Indígena Estadual. Além disso, era agente comunitário de saúde no município.

“Lucas era nossa esperança como liderança, era uma pessoa totalmente correta, que sempre defendeu o que era certo”, afirmou Agnaldo Pataxó, do movimento dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia.

“Era um lutador pelos direitos e conquista das terras indígenas. Era um guerreiro em toda luta por saúde, educação, agricultura familiar”, disse Wilson de Jesus Souza, chefe da coordenação Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Pau Brasil.

Fonte: G1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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