“As Sete Transformações”: veja propostas de Maduro para a Venezuela
Publicado em 13/08/2024 | 185 Impressões | Escrito por Renato Abreu
Nicolás Maduro iniciou seu terceiro mandato na Venezuela com protestos e questionamentos sobre a eleição, ocorrida no domingo (28/7). O presidente foi reeleito com 51,2% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Em janeiro deste ano, Maduro divulgou sua agenda de governo, intitulada “As Sete Transformações”, com propostas para o futuro do país.
A Venezuela permanece em tensão após os resultados da eleição. Segundo a oposição, o candidato Edmundo González venceu a disputa pela presidência, com pelo menos 70% dos votos. Diversos protestos estão sendo realizados no país, que contabiliza milhares de presos e dezenas de mortos.
O projeto de governo de Maduro inclui vários objetivos que estão alinhados com os valores do partido no poder e do socialismo bolivariano. O presidente do país elaborou as sete transformações com base nas ideias de Hugo Chávez.
De acordo com o Ministério do Poder Popular para o Ecossocialismo da Venezuela, o plano de ação envolve “sete pontos denominados as sete transformações. Confira as propostas:
Economia
A primeira transformação seria modernizar os métodos e técnicas de produção para promover a diversificação econômica, parte do novo modelo de exportação.
Independência plena
Esta etapa visa a “expansão da Doutrina Bolivariana nas dimensões política, científica, cultural, educacional e tecnológica, em resposta às ameaças contra a Venezuela”.
Paz, Segurança e Integridade Territorial
Nicolás Maduro pretende garantir a justiça e os direitos humanos, além da “expansão e consolidação do poder militar”. Isso inclui também a salvaguarda e o desenvolvimento da Guiana Esequiba. O território é motivo de disputas diplomáticas nos últimos tempos.
Social
O presidente venezuelano quer “acelerar a recuperação do Estado Social, das Missões e Grandes Missões, numa estratégia que, ao mesmo tempo, fortalece os valores do socialismo”.
Política
Maduro pretende “avançar na consolidação da democracia direta com a ética republicana através de um profundo processo de repolitização” na política do país.
Meio Ambiente
De acordo com o político, ele pretende agregar ações para combater a crise climática, “promover a conscientização e proteger a população dos impactos ambientais, bem como salvaguardar a Amazônia e as reservas naturais da voracidade do capitalismo”.
Política Internacional
Maduro concluiu os modelos propondo uma “reconstrução da integração latino-americana e caribenha” e o “fortalecimento dos Brics“, além de um “avanço de alianças estratégicas com países emergentes para contribuir com o nascimento do mundo multipolar e pluricêntrico.”
O presidente afirmou que irá consolidar e “avançar o poder da Venezuela para recuperar o tempo perdido social e economicamente.”
De acordo com Rafael Nascimento, doutor em história pela Universidade de Brasília (UnB), um dos principais obstáculos que Maduro deve enfrentar para implementar essas políticas envolve uma “infraestrutura degradada, falta de investimentos e a grande dependência econômica do petróleo”.
“A infraestrutura industrial e agrícola do país está em estado precário após anos de má gestão e falta de investimento. A economia venezuelana sofre com a falta de capital interno e externo devido às sanções internacionais e à desconfiança dos investidores”, contextualiza Rafael.
O historiador também destaca a “corrupção endêmica e a má governança” que assolam a Venezuela e “enfraquecem a implementação de políticas eficazes”. Segundo ele, isso até mesmo reduz as chances de inserção do país no Brics.
“A probabilidade de a Venezuela conseguir se inserir no Brics, dado o atual relacionamento com a comunidade internacional, é baixa. O isolamento internacional e as sanções econômicas impostas por diversos países dificultam a entrada em blocos econômicos”, destacou o historiador.
Eleição questionada
Após o resultado, diversos protestos ocorreram durante a semana. A oposição e a comunidade internacional questiona o fato de que as atas de urna não terem sido apresentadas pelo governo.
Nicolás Maduro, por sua vez, respondeu aos protestos com força armada e prendeu mais de 1.200 pessoas na sexta-feira (2/8). Organizações não governamentais falam em 12 mortos durante os protestos.
Fonte: Metrópoles