Ataques entre candidatos ofuscam propostas em 1º debate em SP
Publicado em 09/08/2024 | 122 Impressões | Escrito por Renato Abreu
Pouca discussão sobre os desafios da cidade e muitos ataques entre os cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo marcaram o primeiro debate eleitoral na Band. Eles responderam a perguntas de jornalistas da rede Bandeirantes e dos adversários, seguindo as regras do debate.
O que aconteceu
Debate durou cerca de duas horas e teve poucas apresentações de propostas dos candidatos. Promessas apareceram mais em bloco de perguntas de jornalistas da emissora. Ainda assim, políticos usaram parte do tempo de resposta para atacar seus oponentes.
Ricardo Nunes (MDB) foi principal alvo de adversários. Candidato à reeleição recebeu críticas pela condução da prefeitura nas áreas da saúde e educação na cidade, além da atual situação da "cracolândia.
Guilherme Boulos (PSOL) foi associado a Maduro e Hamas. Adversários lembraram do seu voto no Colégio de Ética na Câmara dos Deputados a favor da absolvição de André Janones (Avante) no caso da rachadinha. Foi provocado, também, com insinuações de apoio ao ditador Nicolás Maduro, e apoio ao grupo Hamas.
José Luiz Datena (PSDB) mirou insistentemente no atual prefeito. Mesmo em perguntas para outros candidatos, o tucano fez críticas a Nunes e deixou a impressão de que vai concentrar esforços em ataques o atual prefeito durante a campanha.
Pablo Marçal (PRTB) ficou descontrolado após pergunta de Tabata Amaral (PSB) sobre condenação. Ele foi condenado por furto qualificado por envolvimento em uma organização criminosa, que invadia contas bancárias pela internet. O caso ocorreu em meados de 2005.
Tabata foi a menos chamada para os embates diretos pelos adversários, mas protagonizou os momentos mais tensos. A candidata do PSB fez duras críticas a Marçal e lembrou o boletim de ocorrência registrado pela mulher de Nunes.
As trocas de insultos entre candidatos deixou polarização nacional em segundo plano. Os principais padrinhos políticos, Lula (PT) de Boulos e Bolsonaro (PL) de Nunes, foram citados em poucos momentos. O psolista foi um dos primeiros a citar a ligação do prefeito com o ex-presidente — que tem alta rejeição entre os eleitores paulistanos. Datena e Marçal, por sua vez, ligaram Boulos a Lula em tom negativo.
Periferia e eleitorado feminino ganharam atenção dos políticos. Candidatos citaram origem de trajetórias em bairros periféricos, reforçaram a importância do respeito e de políticas públicas para as mulheres.
O que disseram os candidatos
"Nessa gestão do Ricardo Nunes, São Paulo andou para trás. A população de rua praticamente dobrou, a fila de exames na saúde aumentou, não adianta vender uma ideia que não é a realidade. Mas o que mais me preocupa é a falta de transparência, o mau uso do dinheiro público. Nunes, você gastou praticamente R$ 6 bilhões em obras sem licitação e sem planejamento. "-Guilherme Boulos
"Boulos, acho que você precisa responder quem é [André] Janones, porque você instituiu a legalização da rachadinha. Você precisa responder quem é Nicolás Maduro, você precisa responder tantos nomes, Boulos. "-Ricardo Nunes
"O prefeito deve ter falado do centro de outra cidade. O centro que ele viu é um centro que não existe em São Paulo. É um centro que ele arrasou. "-José Luiz Datena
"O candidato que está ao meu lado [Marçal] foi condenado por formação de quadrilha em um esquema de fraudes bancárias. Queria saber o que ele fará para proteger os idosos que vivem caindo em golpes de Whatsapp como esse. "-Tabata Amaral
"Essa adolescente que vive falando que representa as mulheres precisa amadurecer um pouco [...]. Você, que está nesta cidade, se quiser a cidade m*rda que tem hoje, continua com Ricardo, que tem perfil pra prefeito. Se quiser uma merda de Venezuela... [olha para Boulos], ó a cara daquele comedor de açúcar ali. Continua acreditando nisso. "-Pablo Marçal
Datafolha divulgado quinta-feira (8) mostrou Nunes (23%) e Boulos (22%) empatados tecnicamente nas intenções de voto. Datena e Marçal também marcaram a mesma porcentagem, 14%. Em um segundo turno provável entre Nunes e Boulos, o atual prefeito sai na frente com 13 pontos.
Fonte: UOL