Quintais produtivos garantem alimento no Cerrado


Publicado em 15/07/2024 | 39 Impressões | Escrito por Renato Abreu


Quintais produtivos garantem alimento no Cerrado

Nos quintais da comunidade quilombola de São Bento do Juvenal, no Maranhão, prosperam agroflorestas, com roças e criações de aves e gado em meio a espécies nativas que também geram possibilidades de alimento e renda, como o coco babaçu. Esse cenário, na zona rural de Peritoró, um dos 135 municípios do Estado que integram a área de expansão agrícola denominada Matopiba, contrasta com o do agronegócio: Cerrado destruído para dar lugar a plantação de grãos destinados principalmente à exportação, quando deixam de ser alimento e passam a ser chamados commodities.

O que as famílias de São Bento do Juvenal praticam é a Agroecologia, uma forma sustentável de produzir alimentos e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais ao redor.

Ivanessa Ramos, agrônoma, agricultora familiar e uma das coordenadoras da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), destaca que, no início, foram realizadas reuniões para conscientizar a comunidade sobre o que eram os agroquintais e seus benefícios: “Reunimos todos e falamos sobre a importância de termos um banco de sementes. Também levantamos a questão da proteção do solo, da menor utilização do fogo e do não uso de agrotóxicos nos cultivos. Hoje, temos várias famílias com sistemas agroecológicos em seus quintais, obtendo alimentos em produções diversificadas com frutos, hortaliças, legumes, ervas medicinais e animais”.

A agricultora familiar destaca que a prática é fundamental para garantir a autonomia e segurança alimentar das famílias que hoje contam com uma diversidade nutricional de alimentos produzidos por elas mesmas, de forma saudável e orgânica. “Essas famílias durante o ano inteiro produzem o que comem, trocam produtos com vizinhos e vendem o excedente em feiras e mercados locais, como uma possibilidade de geração de renda”.

Famílias participam e são beneficiadas com a iniciativa. Só em 2021 mais de 2 mil vegetais e legumes foram produzidos por essas famílias, somando um total de 20 mil reais em produção.

“Hoje, em Currais, a gente tem um polo de produção agroecológica que apoia cerca de 16 famílias a produzirem alimento orgânico tanto para consumo próprio, para melhorar a segurança alimentar, como para venda. A gente capacita essas famílias com conhecimento técnico e também faz a doação de insumos para que eles façam a produção dos seus alimentos dentro do que a gente chama de quintais produtivos”, destaca José Carlos Brito, co-fundador do Novo Sertão, conhecido na região como Zé da Água.

Como ponto forte, José aponta o trabalho em rede para vencer os desafios e dificuldades encontrados para a comercialização: “Para um agricultor vender, ele precisa produzir toda semana, mesmo que em pouca quantidade, e é por isso que a gente trabalha com um grupo de 15 famílias, no mínimo, para que elas possam produzir juntas e vender juntas, com um volume de produção”.

Além do apoio com os quintais produtivos, o Novo Sertão também viabiliza a construção e uso de sistemas de reúso de águas cinzas pelas famílias, uma tecnologia social utilizada para o aproveitamento de água que cai nos ralos das pias, para a irrigação de plantas. A tecnologia visa reduzir o desperdício de água, nas comunidades rurais.

Agropecuária pelo Governo Federal desde 2015, o Matopiba é uma porteira aberta para a devastação da Amazônia.

Projeto ma.to.pi.ba.

Este conteúdo faz parte do Projeto ma.to.pi.ba., uma ação multimídia da Eco Nordeste, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Com início em janeiro de 2024, traz matérias, reportagens, podcasts, webstories e newsletters que lançam sobre a região do Matopiba um olhar para além do agronegócio. Ao mesmo tempo em que aborda os problemas socioambientais, a iniciativa multimídia aponta experiências que têm dado certo na região, seguindo a linha editorial de jornalismo de soluções adotada pela Eco Nordeste.

O projeto é executado por uma equipe premiada composta pelas repórteres Alice Sales e Camila Aguiar, com edição da jornalista Verônica Falcão e coordenação-geral da jornalista Maristela Crispim. Líliam Cunha assume a Assessoria de Comunicação, Flávia P. Gurgel é responsável pelo design; Isabelli Fernandes, edição de podcasts; Adriana Pimentel a edição das newsletters; e Andréia Vitório faz o gerenciamento das redes sociais.

Fonte: Agência e Nordeste

 

 

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